26 de janeiro de 2007

O GRANDE TESTE PARA A GRANDE EMISSORA DE TELEVISÃO

Um dia recebo uma ligação que penso ser sonhada por muita gente: Uma grande emissora de televisão me convidando para fazer um teste, para ficar nos arquivos. Ou seja, se algum diretor fodão precisasse de atores novos para algum trabalho, talvez ele visse minha cara naquele vídeo e me chamasse.
Lá fui eu. Nervosa, suando muito, me sentindo desajeitada e imprópria àquela situação. Nem a roupa eu sabia qual vestir, devido às restrições de cores e modelos... Só me sobrou uma camisa vermelha nada a ver comigo. "Não pode roupa azul, branca, preta, marrom e estampada" disse a moça, além de me passar uma lista enorme de restrições quanto ao texto que eu usaria: "Precisa ser uma briga, uma discussão, um diálogo, que tenha começo, meio e fim, e também não pode ser um texto de teatro clássico e nem uma poesia, nem citação etc..."
Nos dois dias que se seguiram me vi desesperada procurando um maldito texto que coubesse em minha boca e que fosse nos padrões pedidos.
Voltando: lá fui eu. Cheguei num estúdio e fui recebida por um cara que era o camera-man do teste, e ele muito simpático tentou me deixar a vontade. Mas o suadouro e a sensação de inadequação continuavam. Só conseguia pensar que não tinha decorado o texto direito, que ele estava mal estudado e que nunca tinha visto uma gordinha naquelas novelas, a não ser a Cláudia Gimenez.
Depois de esperar mais de meia hora, chegou a minha vez. A mulher muito simpática me colocou sentada no braço de uma cadeira(!!!!) e me falou para não olhar para a câmera (só no comecinho do texto) e sim para um boneco desenhado numa folha de caderno que nem boca tinha!! Por um momento quase dei risada daquele desenho que parecia ter sido feito por uma criança de cinco anos de idade. Bom, respirei fundo e me concentrei no meu "parceiro de cena" e comecei a falar o texto. Logo em seguida ouço um sonoro "CORTA"!!! Meu sangue gelou. Ela, sempre simpática, me perguntou o porquê de eu olhar o tempo todo nos olhos do desenho, sem deixar de me dar uma dica de que na vida real ninguém olha o tempo todo para o companheiro. (eu pensei: eu olho, mas tudo bem) Argumentei que no teatro era fundamental olhar nos olhos do parceiro para haver o chamado JOGO. Ela argumentou de novo dizendo que aquilo não era teatro.
Segunda chance: Fui até o final do texto. Ela me olhou e veio arrumar meus cabelos e eu não podia me mexer um centímetro para não sair do foco e para não me despentear. Aproveitou para me dirigir e pediu mais naturalidade.
Terceira chance: a essa altura eu já estava toda suada, desesperada, querendo ir embora dali, me perguntando por que raios eu nunca tinha feito um curso de vídeo. Não consegui ir até o fim sem ouvir o temido "CORTA"!!!!!!!!! Agora o problema era que eu não poderia olhar para baixo, pq. senão a câmera não pegava meus olhos. O "olhar para baixo" deveria ser dois centímetros abaixo da linha do horizonte. (alguém tem uma régua, pelo amor de Deus???)
Quarta chance: comecei e "CORTA"!!!!!!!!! Ela disse: "Você precisa olhar para a câmera assim que eu disser "ação", porque um diretor olha no máximo 5 segundos cada fita e se você não olhar, sua fita vai para o lixo" (Nossa, que incentivo!)
Quinta chance: Desesperada para acertar, comecei a falar o texto e acabei engasgando. Mas como não podia falhar de novo, engoli seco e continuei. Estava tão engasgada que meus olhos começaram a lacrimejar e mesmo assim falei o texto todo. Aquilo não tinha fim. Eu querendo tossir e falando o texto. Enfim, aquelas lágrimas serviram a meu favor, já que estava interpretando uma briga de casal.
Acabou. O câmera-man me elogiou, dizendo que a última passada tinha sido cheia de verdade. (mal sabia ele que a verdade era que eu estava engasgada e desesperada) e a mulher simpática me disse: "É. Mais ou menos. Qualquer coisa a gente te liga, ok?
OK!
Por acaso alguém já me viu na novela? Pois é, então acho que meu teste não deu muito certo.

5 comentários:

Aline disse...

ma, lindo seus textos...
eu acabei de ler todos eles agora e me sinto muito feliz por ter escolhido esse profição maravilhosa!e mais feliz ainda por ter você na minha vida
você que é uma artista conciente, com conteúdo, com talento e muita vontade...
tem uma frase que vc disse que me emocionou muito:
"sem púplico, o teatro morre"
e isso me faz perceber o quanto agente preciso do outro, pra tudo...
o teatro se faz com pessoas e para pessoas, assim como a vida..
mas só se concretiza com amor e isso agente tem de sobra, né?
te amo muito, viu?e quero estar sempre junto com você!
bjusss
aline

Antônio do Amaral Rocha disse...

Marília, sua blogada! Agora vai. Estou feliz em te ler.
papai

Luís Pereira disse...

Má, demais o seu blog. Fiquei até emocionado. Muito legal você ter escolhido a arte como meio de vida e, indubitavelmente, é para isso que você veio ao mundo.

Lendo os seus textos, deu para perceber nitidamente a sua genética de família de jornalistas. Parabéns, muito bom.

Tom

Luís Pereira disse...

Ah, by the way!

Mó biatch essa mina hein!

Anônimo disse...

Ainda bem que nós lá em casa odiamos ver novela, né? :)