28 de outubro de 2009

NOVIDADES

Olá!

Bom... esse blog está meio falido, mas como ainda recebo algumas mensagens e comentários, vou fazer um panorama do que tem acontecido na minha vida teatral, na minha luta para viver de arte. (Recebo comentários e visitas nesse blog devido ao nome VIVER DE TEATRO. Muita gente quer viver de teatro e digita no google essa frase e voilá! Aparece meu blog como a primeira opção da pesquisa.)

Estou em cartaz com a peça em Heliópolis desde março de 2009. Nesse tempo, mais de 4.500 pessoas assistiram ao espetáculo, entre crianças, adolescentes, adultos e educadores. A experiência é maravilhosa, aprendo muito com esse espetáculo e com essa platéia, principalmente. Ele é completamente baseado em interação e não há nada melhor do que a platéia ser sua cúmplice, ouvi-la, respeitá-la, fazer dela a personagem principal.
Outra coisa maravilhosa de apresentar em Heliópolis é a platéia sempre lotada! Como é ruim fazer a peça pra pouca gente, lutar para conseguir público, pagar para trabalhar (numa temporada regular, temos que pagar os técnicos do teatro, o aluguel do teatro etc...). Como é bom saber que a platéia estará lá, ávida por cultura, querendo te ouvir, mais interessada na história da peça do que na performance dos atores...
A falta de ego é total num projeto como esse de Heliópolis. O mais importante não é estar bem em cena, mas sim comunicar, interagir, levar a cultura, se relacionar... é tão rico! é tão mais importante do que estar "bonitinha" em cena para amigos e familiares... Mas é claro que também gosto de estar em cartaz num teatro regular, para amigos, familiares e público em geral. Não vamos ser hipócritas. O que eu digo é que o projeto de Heliópolis tem outras prioridades. Que são as minhas prioridades hoje em dia.

Não preciso nem citar o quanto meu coração se preenche em estar em Heliópolis, em levar o teatro para lá. Fora todos os motivos citados acima, o mais importante é LEVAR arte para quem gosta de arte e não tem oportunidade da arte. Ou criar nela a vontade, a necessidade da arte. Ou apenas dimensionar a importância da arte. Simples assim.

Nesse meio tempo também estive em cartaz, no teatro da USP e no Teatro Arthur Azevedo, com a peça "Instruções para compor uma peça". Foi uma experiência muito legal, entrei para fazer uma substituição. Foi muito bom interagir também com a platéia da Móoca, são muito acolhedores...

Continuo dando aulas, numa escola de teatro e em Heliópolis. Meu amor pelas crianças e adolescentes e pela arte-educação são imensos. Como é bom ver o crescimento pessoal e artístico deles através das aulas de teatro. Como é bom passar o conhecimento adiante. Como é bom auxiliar a educação pela arte. Amo o que faço!

É claro que dar aulas na escola particular é muito diferente de dar aulas em Heliópolis. Cada um possui suas dificuldades e facilidades, mas de um modo geral, são todos compensadores e bem difíceis. Afinal, lidamos com material humano. Lidar com as diferentes características desses indivíduos (alunos, hehehe) é o maior desafio, mas também o mais compensador. Pra dar aulas, especialmente para crianças, é necessário AMÁ-LAS. Senão o trabalho não rende e não será compensador. E a cada dia eu descubro mais e mais o quanto sou apaixonada por crianças e adolescentes, o quanto gosto de fazer parte do desenvolvimento delas.

Muitos projetos para o ano que vem! Continuar firmando o trabalho em Heliópolis, continuar dando aulas, cada vez mais, fazer novos espetáculos com meu grupo, tentar cinema... sim, isso ainda é algo que quero para a minha vida, mas devido à agenda atribulada com o teatro, ficou difícil de tentar...

Ou seja, minha gente! eu vivo de teatro! quando comecei esse blog tinha tantas angústias, dúvidas, receios, medos... Hoje não os tenho mais. Só continuo na batalha, na luta diária pelo reconhecimento do meu grupo (QUE NÃO GANHA UM CENTAVO PELO PROJETO DE HELIÓPOLIS), quero ganhar mais dinheiro, pois o que ganho dá pra pagar as contas básicas e só, quero fazer mais peças, (ganhando dinheiro também, né...), quero mais reconhecimento pessoal, quero muita coisa! MAS NÃO TENHO DÚVIDAS QUE A ARTE FAZ PARTE DA MINHA VIDA DE UMA MANEIRA TÃO INTENSA, QUE NÃO CONSIGO SEPARAR VIDA DE TRABALHO. TUDO É VIDA!

PS: Para aqueles que entram aqui por desejarem viver de teatro, eu digo: DÁ SIM!!! Com MUITA LUTA, PERSISTÊNCIA, DAR AULAS, ESTAR EM VÁRIOS PROJETOS, ETC, ETC... sim dá trabalho! mas é muito compensador! Não desistam! tentem, tentem e tentem mais um pouco. E se desistirem, tentem de novo.

ah, e tentem mais uma vez.


26 de maio de 2009

PARA QUEM POSSA INTERESSAR...

OI... TEM ALGUÉM AI?

ACHO QUE NÃO... FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO COLOCO NADA NESSE BLOG... E VOU EXPLICAR O MOTIVO.

ESTOU GERENCIANDO O BLOG DO MEU GRUPO, QUE ESTÁ ATIVAMENTE INSERINDO O TEATRO NA COMUNIDADE DE HELIÓPOLIS. TODA SEMANA TEM PELO MENOS DOIS POSTS NOVOS, CONTANDO TODAS AS NOSSAS EXPERIÊNCIAS, COM FOTOS, DEPOIMENTOS, TEXTOS, INFORMAÇÕES SOBRE NOSSO TRABALHO...

ENFIM... NÃO ESTOU APARECENDO AQUI, MAS ESTOU APARECENDO AQUI:

http://gruposimples.blogspot.com

beijos!!!!!!!!!

PS: a vida está corrida, eu vivo de teatro, ufa, finalmente!
Desde meu último post, já apresentei a peça pra quase 1.000 pessoas, já fiz outra peça na USP, continuo dando aulas... e a vida no teatro vai indo, aos trancos e barrancos, mas sempre, muito, muito compensadora!
PS2: continuo pisando no palco sem ganhar nem um real sequer! MAS FELIZ! se quiser saber o motivo de tanta alegria, entre no blog do grupo!

29 de janeiro de 2009

HELIÓPOLIS, AÍ VAMOS NÓS.

Nada nessa vida é por acaso...

Para vcs entenderem o pq da afirmação acima, vou começar falando de um projeto que estava prestes a ser concretizado, que deu início a um outro grande projeto. Grande de alma.

Tenho um grupo, O Grupo Simples de Teatro, que está desde junho do ano passado ensaiando uma peça para ser apresentada no Maranhão, mais precisamente na Baixada Maranhense. Temos uma parceria com uma ONG de lá chamada FORMAÇÃO, que faz um maravilhoso trabalho com os jovens de lá, de inclusão social, capacitação através da arte, do esporte, internet e tudo mais que possa dignificar a existência de jovens sem oportunidade, de classe social baixa, as vezes muito baixa, mas com muita vida e luz interior.
O projeto consiste em apresentarmos nossa peça por lá, sobre a realidade de São Paulo, em diversas cidades da Baixada Maranhense, enquanto o grupo de teatro de lá, formado por 30 jovens, faria outra peça, sobre a realidade do Maranhão.
Faríamos uma troca de experiências e disso resultaria uma terceira peça, com os dois mundos encaixados. Um intercâmbio de idéias e experiências.
Alguns membros do grupo já foram para o Maranhão para dar oficinas de interpretação, direção e editais culturais para esses jovens. Enquanto isso, dois Arte-educadores de lá vieram para cá para fazer um tour cultural por aqui, com o nosso grupo tentando mostrar o que São Paulo tem de melhor culturalmente.
Nossa ida estava prevista para meados de janeiro, quando em dezembro, a bomba de que a verba não saiu pairou sobre nossas cabeças, deixando algum desânimo e egos feridos... Mais uma vez o dinheiro seria o empecilho para o teatro andar.

Acabou que a verba foi conseguida para que apenas um membro do grupo, músico, multi-instrumentista e que trabalha com percursão corporal, fosse para lá, para dar oficinas para esses jovens e demais músicos do Maranhão. Pronto. O intercâmbio foi feito de alguma forma, e nada mais parecia ser em vão.

Depois de uma conversa com o grupo, resolvemos estrear em São Paulo, enquanto aguardamos a verba sair para fazermos o intercâmbio cultural.
Acontece que o dinheiro é inexistente, e novamente teríamos que pedir dinheiro para amigos, mãe, pais, etc para conseguirmos verba para estrear em São Paulo, que primeiramente consiste em pagar o aluguel do teatro, figurino, cenário, técnicos de luz e som (é óbvio que os atores e a direção não ganhariam nada...)

Mas para um grupo, engajado em fazer um trabalho de arte social, da arte como veículo para o crescimento e dignificação humana, estrear em São Paulo num teatro pago e para um platéia de amigos parecia ser inútil...

Foi quando a diretora teve a brilhante idéia de fazermos o intercâmbio aqui em São Paulo mesmo. Não era preciso ir até o Maranhão para ver a dura realidade dos brasileiros, aqui a pobreza e falta de oportunidade são igualmente assustadoras.

Daí entra a favela de Heliópolis. Só para dar um panorama, o local tem UM MILHÃO de metros quadrados e 125 mil habitantes. É um bairro de São Paulo que quase chega à cidade de São Caetano.

As informações que eu sei, por enquanto: O local é dividido em núcleos, enquanto uma associação, a UNAS, cuida desses núcleos oferecendo dignidade a crianças e adolescentes, dando arte, esporte, capacitação, rádio legalizada...
Nem todos os jovens e crianças estão nesses núcleos, provavelmente por falta de vagas. Então além dos núcleos existe a comunidade como um todo.

O teatro não está estabelecido em Heliópolis. Existem grupos de dança, rap, grafite, percursão em lata... E é aí que entra o Grupo Simples de Teatro.

Nossa peça estreará em Heliópolis, uma vez por semana, para uma platéia de no mínimo 100 pessoas por apresentação. Isso pq inicialmente faremos as apresentações somente para os núcleos. Mais tarde abriremos essas apresentações para a comunidade em geral. E ai esperamos que a platéia aumente.

Com certeza será o maior público que já tivemos na vida e com certeza, o mais necessitado de arte e ávido por cultura e entretenimento.

Alguns membros do grupo farão oficinas de teatro para crianças e jovens de lá e num futuro, capacitação de jovens, para que eles possam dar continuidade no fazer teatral em Heliópolis.

A felicidade é imensa, de poder levar a nossa arte para pessoas que brilham os olhos só de ouvirem falar nela...

O contentamento e o preenchimento da alma de artista transborda, sabendo que estamos fazendo a arte para o que e para quem deve ser feita.

Tivemos uma reunião ontem e saimos de lá realizados. Realizados por poder dar essa oportunidade para nós e para eles.

Nada nessa vida é por acaso. O Maranhão é aqui. Heliópolis nos espera e esperamos ansiosamente também. O Maranhão também nos espera, ávidos por trocar as experiências que teremos em Heliópolis. A Arte é capaz de transformar. Não só o público, mas principalmente, os ARTISTAS.

PS: Nunca a idéia de fazer teatro sem dinheiro foi tão gratificante.

27 de janeiro de 2009

AJUDA PARA AULAS DE TEATRO

Graças a um post sobre minha experiência com arte-educação, umas 7 pessoas já se comunicaram comigo pedindo-me ajuda sobre como dar aulas de teatro.
Em primeiro lugar, é engraçado pensar que pessoas desconhecidas, através de sites de busca, vieram parar no meu blog, que na verdade é apenas uma forma de desabafo dessa atriz que vos fala...

Bom... de antemão já digo que não há fórmula secreta, e que a única maneira de aprender a dar aulas, é dando aulas... Ou seja, ou você se aventura de cara, ou vira assistente de algum professor experiente para ir pegando a manha.

Digo que, em 3 anos de experiência, ainda estou pegando o jeito e sei que preciso ter mais experiência e "malemolência" com algumas idades... Tendo em vista que teatro é experiência humana, nunca se aprenderá tudo, pois cada aluno será diferente e te motivará a ter atitudes diferentes.

O que posso fazer para ajudar é indicar leituras importantes e na minha opinião obrigatórias, para quem quer aprender o ofício:

- "Jogos Teatrais: O fichário de Viola Spolin" ( meio caro, mas vale a pena)

- "Jogos teatrais na sala de aula" - Viola Spolin

- "O jogo dramático infantil" - Peter Slade

- "Jogos Teatrais" - Ingrid Koudela

Nesses anos de aprendizado, entendi que:

- Teatro é forma de expressão, educação, socialização e é formador de opinião.
- Não há aluno melhor ou pior, mais ou menos talentoso, mas sim maneiras de expressão individuais e diferenciadas.
- Não há necessidade de uma apresentação de conclusão de curso, porém os alunos adoram e os pais também, pois são ávidos pelos resultados.
- Incentivar a coletividade e outros valores éticos, como trocar, dividir, respeitar, ajudar, ouvir, contemplar o trabalho do colega. O teatro ajuda a formar cidadãos éticos e pensantes.
- o teatro é para qualquer idade, mas crianças acima de três anos estão mais aptas para aprender e apreender o fazer teatral.

bom... acho que por enquanto é isso. Como disse anteriormente, só aprendemos fazendo. E nunca saberemos o suficiente...