28 de abril de 2008

ESPETÁCULO NOVOS VELHOS DIAS - FOTOS DE FLÁVIO TOLEZANI



DOCE ILUSÃO...

Num post do ano passado, do dia 18 de abril de 2007, iludida e feliz, eu comemorava o fato de meu grupo ter uma lei de incentivo aprovada.
Prontos para captar o dinheiro necessário, fomos em busca de empresas que estivessem interessadas em incentivar a cultura através da lei rouanet, de isenção fiscal.
resultado: a lei está até hoje em aberto, e a conta sem um mísero centavo. Burocracia, falta de interesse das empresas e a ausência de alguém "famoso" que desse visibilidade ao logo da empresa... talvez tenham sido as razões para o buraco negro na conta do projeto.
Estamos estreando nossa peça graças ao incentivo de amigos, pequenos apoios e patrocínios e camaradagem da equipe (iluminador, figurinista, cenógrafo, músico etc, etc...)
Ou seja, é com muito orgulho e suor que meu grupo apresenta essa nova peça que entrará em cartaz.
Mais uma vez, artistas pagam para trabalhar, pelo amor à arte e pela necessidade de falar ao mundo, de dizer algo relevante para uma platéia igualmente relevante...
Sem um pingo de ressentimento.

ESTRÉIA ESPETÁCULO "NOVOS VELHOS DIAS"


Temporada: Estréia dia 10 de maio, sábado, às 21h – até 13 de julho

Horário: Sábados, às 21h; domingos, às 20h30
Duração: 90 minutos

Preço: R$ 15,00 (R$ 7,50 para estudantes, idosos e classe teatral)

Censura: 14 anos

Local: Teatro da Vila
Endereço: Rua Jericó, 256
Bairro: Vila Madalena




Cia. da Gema estréia comédia
futurista sobre vida de ator

“Novos Velhos Dias” foi escrita por Reinaldo Maia, especialmente, para o grupo.


A comédia Novos Velhos Dias – texto inédito do dramaturgo Reinaldo Maia – estréia no Teatro da Vila, sob direção de Fernando Nitsch. Essa fábula futurista narra o drama do último ator humano existente (André Sakajiri), que é substituído por uma perfeita atriz robô (Marília Miyazawa) capaz, inclusive, de amar. Completam o elenco, Almara Mendes, Camila Arelaro, Fábio Takeo, Homero Ligere, Tatiana Rehder e Tatjana Eivazian.

Enredo


O último dos atores humanos existente no planeta faz apresentações em um cabaré, quando é substituído por uma bela Atriz Robô, perfeita, talentosa e com capacidade de amar - fábula proposta abertamente pela própria trupe da Cia. Da Gema. Agora, rebaixado à função de garçom do estabelecimento onde já foi atração principal, o Ator passa a vivenciar um irônico e cômico drama existencial. A Atriz Robô, programada para se apaixonar pela primeira pessoa que olhasse, encanta-se pelo “último ator”. No decorrer da história eles se unem e montam um show, mas não obtêm êxito com o espetáculo. Desiludido, o Ator desiste e passa a perambular pela cidade com o Coro dos Sem Emprego, vivendo seu grande dilema existencial. O seu “ser ou não ser” consiste em: destruir essas “máquinas frias” que lhe tiraram o emprego ou dar vazão ao seu amor pela linda robô. Diante da possibilidade de ser desativada, a Atriz foge do cabaré e se une ao Ator na busca por um espaço onde possam realizar o “verdadeiro” teatro.

Montagem e texto

Reinaldo Maia escreveu Novos Velhos Dias a partir de um argumento desenvolvido pela Cia. da Gema em discussões sobre o futuro próximo com o propósito de questionar, de forma cômica e irônica, a evolução tecnológica em contraposição à evolução moral e social. O texto traz perceptíveis e claras referências aos filmes Inteligência Artificial (Steven Spielberg), Metrópolis (Fritz Lang) e Luzes da Ribalta (Charles Chaplin). Sem ditar regras, a montagem levanta forte discussão sobre os rumos da sociedade moderna, cada vez mais automatizada, com o intuito de divertir o púbico, distanciando-o da questão crítica. “A direção tem o papel de criar uma ponte entre o texto e a platéia, manipular e estabelecer as regras para esse jogo que provoca o riso”, comenta o diretor Fernando Nitsch.

Não só a concepção do espetáculo, mas também do figurino, tem como ponto de partida o mergulho do grupo em várias épocas distintas, onde se constata que não há inovações palpáveis, mas releituras, cópias melhoradas do que já existe. A linguagem da peça reflete a opinião do grupo sobre a evolução do homem e da sociedade. Segundo Fernando Nitsch, “para mostrar esse futuro próximo, desajustado e com problemas a serem solucionados, o cenário é propositadamente simples; a ênfase está nas personagens. O destaque maior é para projeções em telas de TV, um recurso que dá clima às cenas, além de discutir o papel da TV para os atores”.

Por meio desta comédia, Reinaldo Maia discute questões como a brevidade da carreira do artista, a constatação de que ele é visto como produto substituível e a necessidade, imposta pela mídia, de multitalentos e beleza física.