18 de agosto de 2008
BALANÇO GERAL - 3 MESES DE TEMPORADA
Depois de três meses de temporada do espetáculo "Novos Velhos Dias", aí vai um balanço:
- Média de 30 espectadores por dia, que para os parâmetros do teatro de um grupo iniciante e desconhecido é muito, mas muito bom. (só para fazer uma comparação: meu grande amigo Fábio Lago, que está atuando em "HAMLET", com Wagner Moura, têm lotado o teatro com capacidade para 500 pessoas, 3 dias da semana há quase três meses, com fila de espera para compra de ingressos)
- Público formado por amigos, parentes, amigo de amigos, colegas, boca-a-boca e todas as outras categorias que se encaixam em "conheço alguém do elenco de alguma forma". Ou seja, pessoas totalmente desconhecidas, que viram a peça em algum jornal ou revista, foram inexistentes. Daí fica a pergunta: pra quê serve assessoria de imprensa? A nossa assessora é maravilhosa, fez um trabalho excelente, colocando nossa peça em todas as mídias viáveis, porém o brasileiro não tem o costume de abrir uma revista e procurar uma peça "do além" e sair de casa pra assistir, a não ser que tenha algum famoso no elenco.
- O preço do ingresso é ridiculamente baixo, além do mais todos ganharam o direito à meia-entrada, como uma maneira de chamar público. (mais uma consideração sobre o "Hamlet" do meu amigo: nosso ingresso custa 7,50 e o dele custa 80,00)
- Apesar do ingresso barato, conseguimos pagar algumas dívidas e não sair no prejuízo, pagando a equipe técnica do espetáculo com uma certa tranquilidade. Mas ainda temos dívidas, que foram feitas para bancar o espetáculo.
- A reação geral do público: todos sentem uma unidade muito grande no elenco, união, garra, vontade de fazer teatro, talentos equivalentes, energia. Se foram sinceros conosco, posso dizer que 80% do público gostou. (em tempo: como dizia Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra")
- Espetáculos cancelados por ausência total de público: 1 (egos feridos: 9)
- sensação particular da atriz que vos fala: temporada não é fácil, é preciso matar um leão por dia, esquecer da vida, das tristezas, do trânsito, da falta de grana e de todos os problemas em prol de um espetáculo que precisa acontecer muito bem todos os dias. O ator no palco não leva sua vida, esquece os problemas e a platéia merece sempre o seu melhor.
- Balanço do grupo, na minha visão: união ainda maior, alegria de estar no palco, alegria de estarmos juntos, orgulho de termos conseguido colocar a peça de pé com muito suor e sem patrocínio.
- Dinheiro no bolso: nenhum. Ainda pagamos a gasolina e comida nos dias de peça e não recebemos nem um real da bilheteria.
-Saldo de amigos queridos que foram me assistir: todos os que importam, salvo raras excessões dos que importam e que não foram.
- fazer a peça para pouca gente: já tivemos dias de 5 espectadores e posso dizer que não é nada agradável o "eco" que volta depois das falas, e que tirar a blusa pra pouca gente é igualmente desagradável. Não me entendam mal, mas a impressão de que todas as atenções estão voltadas para você é ainda maior com pouca gente.
- Cantar sozinha deixou de ser um tabu. Tirar a blusa também.
- É impressionante como um personagem pode ter características que vc adoraria ter em vc mesma, mas a mágica do teatro e do personagem fazem vc só tê-las no palco.
BALANÇO GERAL: FAZER TEATRO ALIMENTA MINHA ALMA. QUEM ESCOLHEU VIVER DELE NÃO ESMORECE DIANTE DAS DIFICULDADES, TÃO PEQUENAS PERTO DO PODER TRANSFORMADOR QUE ESSA ARTE POSSUI.
PS: HAMLET está um primor. Meu amigo idem. Wagner Moura humanizou aquelas falas célebres do personagem mais famoso do teatro, fazendo o "SER OU NÃO SER" deixar de ser mero clichê. Vale a pena conferir, apesar do preço alto, que aliás é a minha única ressalva à peça.
17 de agosto de 2008
8 COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER...
Seguindo ordens/convite do meu amigo Tom/Osama em seu blog Jornalista Terráqueo
faço aqui a minha lista de 8 coisas essenciais para poder descansar em paz:
- Viver literalmente de teatro, ou seja, ganhar dinheiro somente pisando num palco.
- Casar e ter filhos
- viajar para Grécia, Japão, Austrália, Itália, França e Espanha
- morar na Praia
- ter o meu espaço, um misto de sala de espetáculos/sala de ensaios/café cultural/escola de artes
- comprar uma casa com jardim e quintal
- fazer cinema
- fazer uma peça musical, não comercial, grande produção, com música ao vivo e grande elenco (estão descartadas quaisquer opções "a la Broadway") e uma bela montagem de Shakespeare.
é isso. Será que isso serve de "pedido aos céus?" tem alguém me ouvindo aí?
faço aqui a minha lista de 8 coisas essenciais para poder descansar em paz:
- Viver literalmente de teatro, ou seja, ganhar dinheiro somente pisando num palco.
- Casar e ter filhos
- viajar para Grécia, Japão, Austrália, Itália, França e Espanha
- morar na Praia
- ter o meu espaço, um misto de sala de espetáculos/sala de ensaios/café cultural/escola de artes
- comprar uma casa com jardim e quintal
- fazer cinema
- fazer uma peça musical, não comercial, grande produção, com música ao vivo e grande elenco (estão descartadas quaisquer opções "a la Broadway") e uma bela montagem de Shakespeare.
é isso. Será que isso serve de "pedido aos céus?" tem alguém me ouvindo aí?
28 de abril de 2008
DOCE ILUSÃO...
Num post do ano passado, do dia 18 de abril de 2007, iludida e feliz, eu comemorava o fato de meu grupo ter uma lei de incentivo aprovada.
Prontos para captar o dinheiro necessário, fomos em busca de empresas que estivessem interessadas em incentivar a cultura através da lei rouanet, de isenção fiscal.
resultado: a lei está até hoje em aberto, e a conta sem um mísero centavo. Burocracia, falta de interesse das empresas e a ausência de alguém "famoso" que desse visibilidade ao logo da empresa... talvez tenham sido as razões para o buraco negro na conta do projeto.
Estamos estreando nossa peça graças ao incentivo de amigos, pequenos apoios e patrocínios e camaradagem da equipe (iluminador, figurinista, cenógrafo, músico etc, etc...)
Ou seja, é com muito orgulho e suor que meu grupo apresenta essa nova peça que entrará em cartaz.
Mais uma vez, artistas pagam para trabalhar, pelo amor à arte e pela necessidade de falar ao mundo, de dizer algo relevante para uma platéia igualmente relevante...
Sem um pingo de ressentimento.
Prontos para captar o dinheiro necessário, fomos em busca de empresas que estivessem interessadas em incentivar a cultura através da lei rouanet, de isenção fiscal.
resultado: a lei está até hoje em aberto, e a conta sem um mísero centavo. Burocracia, falta de interesse das empresas e a ausência de alguém "famoso" que desse visibilidade ao logo da empresa... talvez tenham sido as razões para o buraco negro na conta do projeto.
Estamos estreando nossa peça graças ao incentivo de amigos, pequenos apoios e patrocínios e camaradagem da equipe (iluminador, figurinista, cenógrafo, músico etc, etc...)
Ou seja, é com muito orgulho e suor que meu grupo apresenta essa nova peça que entrará em cartaz.
Mais uma vez, artistas pagam para trabalhar, pelo amor à arte e pela necessidade de falar ao mundo, de dizer algo relevante para uma platéia igualmente relevante...
Sem um pingo de ressentimento.
ESTRÉIA ESPETÁCULO "NOVOS VELHOS DIAS"
Temporada: Estréia dia 10 de maio, sábado, às 21h – até 13 de julho
Horário: Sábados, às 21h; domingos, às 20h30
Duração: 90 minutos
Preço: R$ 15,00 (R$ 7,50 para estudantes, idosos e classe teatral)
Censura: 14 anos
Local: Teatro da Vila
Endereço: Rua Jericó, 256 |
Bairro: Vila Madalena |
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Cia. da Gema estréia comédia
futurista sobre vida de ator
futurista sobre vida de ator
“Novos Velhos Dias” foi escrita por Reinaldo Maia, especialmente, para o grupo.
A comédia Novos Velhos Dias – texto inédito do dramaturgo Reinaldo Maia – estréia no Teatro da Vila, sob direção de Fernando Nitsch. Essa fábula futurista narra o drama do último ator humano existente (André Sakajiri), que é substituído por uma perfeita atriz robô (Marília Miyazawa) capaz, inclusive, de amar. Completam o elenco, Almara Mendes, Camila Arelaro, Fábio Takeo, Homero Ligere, Tatiana Rehder e Tatjana Eivazian.
Enredo
O último dos atores humanos existente no planeta faz apresentações em um cabaré, quando é substituído por uma bela Atriz Robô, perfeita, talentosa e com capacidade de amar - fábula proposta abertamente pela própria trupe da Cia. Da Gema. Agora, rebaixado à função de garçom do estabelecimento onde já foi atração principal, o Ator passa a vivenciar um irônico e cômico drama existencial. A Atriz Robô, programada para se apaixonar pela primeira pessoa que olhasse, encanta-se pelo “último ator”. No decorrer da história eles se unem e montam um show, mas não obtêm êxito com o espetáculo. Desiludido, o Ator desiste e passa a perambular pela cidade com o Coro dos Sem Emprego, vivendo seu grande dilema existencial. O seu “ser ou não ser” consiste em: destruir essas “máquinas frias” que lhe tiraram o emprego ou dar vazão ao seu amor pela linda robô. Diante da possibilidade de ser desativada, a Atriz foge do cabaré e se une ao Ator na busca por um espaço onde possam realizar o “verdadeiro” teatro.
Montagem e texto
Reinaldo Maia escreveu Novos Velhos Dias a partir de um argumento desenvolvido pela Cia. da Gema em discussões sobre o futuro próximo com o propósito de questionar, de forma cômica e irônica, a evolução tecnológica em contraposição à evolução moral e social. O texto traz perceptíveis e claras referências aos filmes Inteligência Artificial (Steven Spielberg), Metrópolis (Fritz Lang) e Luzes da Ribalta (Charles Chaplin). Sem ditar regras, a montagem levanta forte discussão sobre os rumos da sociedade moderna, cada vez mais automatizada, com o intuito de divertir o púbico, distanciando-o da questão crítica. “A direção tem o papel de criar uma ponte entre o texto e a platéia, manipular e estabelecer as regras para esse jogo que provoca o riso”, comenta o diretor Fernando Nitsch.
Não só a concepção do espetáculo, mas também do figurino, tem como ponto de partida o mergulho do grupo em várias épocas distintas, onde se constata que não há inovações palpáveis, mas releituras, cópias melhoradas do que já existe. A linguagem da peça reflete a opinião do grupo sobre a evolução do homem e da sociedade. Segundo Fernando Nitsch, “para mostrar esse futuro próximo, desajustado e com problemas a serem solucionados, o cenário é propositadamente simples; a ênfase está nas personagens. O destaque maior é para projeções em telas de TV, um recurso que dá clima às cenas, além de discutir o papel da TV para os atores”.
Por meio desta comédia, Reinaldo Maia discute questões como a brevidade da carreira do artista, a constatação de que ele é visto como produto substituível e a necessidade, imposta pela mídia, de multitalentos e beleza física.
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