19 de julho de 2010

EM 2010...

Realmente esse blog está parado, estou ativamente no BLOG DO GRUPO ARTE SIMPLES DE TEATRO , pelo motivo simples de que minha vida na arte é totalmente vinculada ao meu grupo de teatro.

Mas como as coisas mudaram desde o meu último post, no final de 2009!!!!

Completo mais de um ano e meio em Heliópolis, onde mais de 6.000 pessoas já assistiram ao espetáculo "A FESTA" e hoje em dia dou aula para uma turma de capacitação em oficineiros de teatro. São 20 adolescentes que durante dois anos aprenderão os ofícios de professores de teatro, para que possam expandir a arte na comunidade. São alunos aplicados e inteligentíssimos, que só precisam de oportunidade para chegarem muito longe!

Em março de 2010 meu grupo foi comtemplado com a LEI MUNICIPAL  DE FOMENTO AO TEATRO, que nos dá a oportunidade de residir artísticamente em Heliópolis com muito mais qualidade... Temos verba para apresentar os espetáculos, para ministar as oficinas, para fazer o II Festival de Teatro Jovem de Heliópolis, para a criação de duas temporadas aos finais de semana para a comundiade, para o lançamento de um livro sobre o nosso trabalho... enfim! Dignificante, estimulante, merecido!Afinal, fizemos o projeto durante um ano sem um real sequer!

Estou também com meu grupo em cartaz no teatro Paulo Eiró, pelo edital de ocupação dos teatros distitais da Prefeitura de São Paulo, com a mesma peça que fazemos em Heliópolis,. Além disso, temos nos apresentado em CEUS pelo Edital Proart, também da prefeitura.

Nossa, a sensação de ver o trabalho do grupo ser reconhecido e contemplado é tão maravilhosa! Ou seja, eu GANHO dinheiro para pisar no palco!!! Isso é o que eu sempre sonhei!

Continuo muito feliz dando aulas na escola de teatro, esse ano somente para adolescentes. Um desafio imenso falar a lingua deles e conseguir montar um espetáculo com eles e para eles que diga o que eles querem dizer ao mundo. 

É isso!!! Feliz, vivendo de arte, fazendo do teatro meu ganha pão, meu combustível, minha alegria, minha VIDA, DOCE VIDA!

28 de outubro de 2009

NOVIDADES

Olá!

Bom... esse blog está meio falido, mas como ainda recebo algumas mensagens e comentários, vou fazer um panorama do que tem acontecido na minha vida teatral, na minha luta para viver de arte. (Recebo comentários e visitas nesse blog devido ao nome VIVER DE TEATRO. Muita gente quer viver de teatro e digita no google essa frase e voilá! Aparece meu blog como a primeira opção da pesquisa.)

Estou em cartaz com a peça em Heliópolis desde março de 2009. Nesse tempo, mais de 4.500 pessoas assistiram ao espetáculo, entre crianças, adolescentes, adultos e educadores. A experiência é maravilhosa, aprendo muito com esse espetáculo e com essa platéia, principalmente. Ele é completamente baseado em interação e não há nada melhor do que a platéia ser sua cúmplice, ouvi-la, respeitá-la, fazer dela a personagem principal.
Outra coisa maravilhosa de apresentar em Heliópolis é a platéia sempre lotada! Como é ruim fazer a peça pra pouca gente, lutar para conseguir público, pagar para trabalhar (numa temporada regular, temos que pagar os técnicos do teatro, o aluguel do teatro etc...). Como é bom saber que a platéia estará lá, ávida por cultura, querendo te ouvir, mais interessada na história da peça do que na performance dos atores...
A falta de ego é total num projeto como esse de Heliópolis. O mais importante não é estar bem em cena, mas sim comunicar, interagir, levar a cultura, se relacionar... é tão rico! é tão mais importante do que estar "bonitinha" em cena para amigos e familiares... Mas é claro que também gosto de estar em cartaz num teatro regular, para amigos, familiares e público em geral. Não vamos ser hipócritas. O que eu digo é que o projeto de Heliópolis tem outras prioridades. Que são as minhas prioridades hoje em dia.

Não preciso nem citar o quanto meu coração se preenche em estar em Heliópolis, em levar o teatro para lá. Fora todos os motivos citados acima, o mais importante é LEVAR arte para quem gosta de arte e não tem oportunidade da arte. Ou criar nela a vontade, a necessidade da arte. Ou apenas dimensionar a importância da arte. Simples assim.

Nesse meio tempo também estive em cartaz, no teatro da USP e no Teatro Arthur Azevedo, com a peça "Instruções para compor uma peça". Foi uma experiência muito legal, entrei para fazer uma substituição. Foi muito bom interagir também com a platéia da Móoca, são muito acolhedores...

Continuo dando aulas, numa escola de teatro e em Heliópolis. Meu amor pelas crianças e adolescentes e pela arte-educação são imensos. Como é bom ver o crescimento pessoal e artístico deles através das aulas de teatro. Como é bom passar o conhecimento adiante. Como é bom auxiliar a educação pela arte. Amo o que faço!

É claro que dar aulas na escola particular é muito diferente de dar aulas em Heliópolis. Cada um possui suas dificuldades e facilidades, mas de um modo geral, são todos compensadores e bem difíceis. Afinal, lidamos com material humano. Lidar com as diferentes características desses indivíduos (alunos, hehehe) é o maior desafio, mas também o mais compensador. Pra dar aulas, especialmente para crianças, é necessário AMÁ-LAS. Senão o trabalho não rende e não será compensador. E a cada dia eu descubro mais e mais o quanto sou apaixonada por crianças e adolescentes, o quanto gosto de fazer parte do desenvolvimento delas.

Muitos projetos para o ano que vem! Continuar firmando o trabalho em Heliópolis, continuar dando aulas, cada vez mais, fazer novos espetáculos com meu grupo, tentar cinema... sim, isso ainda é algo que quero para a minha vida, mas devido à agenda atribulada com o teatro, ficou difícil de tentar...

Ou seja, minha gente! eu vivo de teatro! quando comecei esse blog tinha tantas angústias, dúvidas, receios, medos... Hoje não os tenho mais. Só continuo na batalha, na luta diária pelo reconhecimento do meu grupo (QUE NÃO GANHA UM CENTAVO PELO PROJETO DE HELIÓPOLIS), quero ganhar mais dinheiro, pois o que ganho dá pra pagar as contas básicas e só, quero fazer mais peças, (ganhando dinheiro também, né...), quero mais reconhecimento pessoal, quero muita coisa! MAS NÃO TENHO DÚVIDAS QUE A ARTE FAZ PARTE DA MINHA VIDA DE UMA MANEIRA TÃO INTENSA, QUE NÃO CONSIGO SEPARAR VIDA DE TRABALHO. TUDO É VIDA!

PS: Para aqueles que entram aqui por desejarem viver de teatro, eu digo: DÁ SIM!!! Com MUITA LUTA, PERSISTÊNCIA, DAR AULAS, ESTAR EM VÁRIOS PROJETOS, ETC, ETC... sim dá trabalho! mas é muito compensador! Não desistam! tentem, tentem e tentem mais um pouco. E se desistirem, tentem de novo.

ah, e tentem mais uma vez.


26 de maio de 2009

PARA QUEM POSSA INTERESSAR...

OI... TEM ALGUÉM AI?

ACHO QUE NÃO... FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO COLOCO NADA NESSE BLOG... E VOU EXPLICAR O MOTIVO.

ESTOU GERENCIANDO O BLOG DO MEU GRUPO, QUE ESTÁ ATIVAMENTE INSERINDO O TEATRO NA COMUNIDADE DE HELIÓPOLIS. TODA SEMANA TEM PELO MENOS DOIS POSTS NOVOS, CONTANDO TODAS AS NOSSAS EXPERIÊNCIAS, COM FOTOS, DEPOIMENTOS, TEXTOS, INFORMAÇÕES SOBRE NOSSO TRABALHO...

ENFIM... NÃO ESTOU APARECENDO AQUI, MAS ESTOU APARECENDO AQUI:

http://gruposimples.blogspot.com

beijos!!!!!!!!!

PS: a vida está corrida, eu vivo de teatro, ufa, finalmente!
Desde meu último post, já apresentei a peça pra quase 1.000 pessoas, já fiz outra peça na USP, continuo dando aulas... e a vida no teatro vai indo, aos trancos e barrancos, mas sempre, muito, muito compensadora!
PS2: continuo pisando no palco sem ganhar nem um real sequer! MAS FELIZ! se quiser saber o motivo de tanta alegria, entre no blog do grupo!

29 de janeiro de 2009

HELIÓPOLIS, AÍ VAMOS NÓS.

Nada nessa vida é por acaso...

Para vcs entenderem o pq da afirmação acima, vou começar falando de um projeto que estava prestes a ser concretizado, que deu início a um outro grande projeto. Grande de alma.

Tenho um grupo, O Grupo Simples de Teatro, que está desde junho do ano passado ensaiando uma peça para ser apresentada no Maranhão, mais precisamente na Baixada Maranhense. Temos uma parceria com uma ONG de lá chamada FORMAÇÃO, que faz um maravilhoso trabalho com os jovens de lá, de inclusão social, capacitação através da arte, do esporte, internet e tudo mais que possa dignificar a existência de jovens sem oportunidade, de classe social baixa, as vezes muito baixa, mas com muita vida e luz interior.
O projeto consiste em apresentarmos nossa peça por lá, sobre a realidade de São Paulo, em diversas cidades da Baixada Maranhense, enquanto o grupo de teatro de lá, formado por 30 jovens, faria outra peça, sobre a realidade do Maranhão.
Faríamos uma troca de experiências e disso resultaria uma terceira peça, com os dois mundos encaixados. Um intercâmbio de idéias e experiências.
Alguns membros do grupo já foram para o Maranhão para dar oficinas de interpretação, direção e editais culturais para esses jovens. Enquanto isso, dois Arte-educadores de lá vieram para cá para fazer um tour cultural por aqui, com o nosso grupo tentando mostrar o que São Paulo tem de melhor culturalmente.
Nossa ida estava prevista para meados de janeiro, quando em dezembro, a bomba de que a verba não saiu pairou sobre nossas cabeças, deixando algum desânimo e egos feridos... Mais uma vez o dinheiro seria o empecilho para o teatro andar.

Acabou que a verba foi conseguida para que apenas um membro do grupo, músico, multi-instrumentista e que trabalha com percursão corporal, fosse para lá, para dar oficinas para esses jovens e demais músicos do Maranhão. Pronto. O intercâmbio foi feito de alguma forma, e nada mais parecia ser em vão.

Depois de uma conversa com o grupo, resolvemos estrear em São Paulo, enquanto aguardamos a verba sair para fazermos o intercâmbio cultural.
Acontece que o dinheiro é inexistente, e novamente teríamos que pedir dinheiro para amigos, mãe, pais, etc para conseguirmos verba para estrear em São Paulo, que primeiramente consiste em pagar o aluguel do teatro, figurino, cenário, técnicos de luz e som (é óbvio que os atores e a direção não ganhariam nada...)

Mas para um grupo, engajado em fazer um trabalho de arte social, da arte como veículo para o crescimento e dignificação humana, estrear em São Paulo num teatro pago e para um platéia de amigos parecia ser inútil...

Foi quando a diretora teve a brilhante idéia de fazermos o intercâmbio aqui em São Paulo mesmo. Não era preciso ir até o Maranhão para ver a dura realidade dos brasileiros, aqui a pobreza e falta de oportunidade são igualmente assustadoras.

Daí entra a favela de Heliópolis. Só para dar um panorama, o local tem UM MILHÃO de metros quadrados e 125 mil habitantes. É um bairro de São Paulo que quase chega à cidade de São Caetano.

As informações que eu sei, por enquanto: O local é dividido em núcleos, enquanto uma associação, a UNAS, cuida desses núcleos oferecendo dignidade a crianças e adolescentes, dando arte, esporte, capacitação, rádio legalizada...
Nem todos os jovens e crianças estão nesses núcleos, provavelmente por falta de vagas. Então além dos núcleos existe a comunidade como um todo.

O teatro não está estabelecido em Heliópolis. Existem grupos de dança, rap, grafite, percursão em lata... E é aí que entra o Grupo Simples de Teatro.

Nossa peça estreará em Heliópolis, uma vez por semana, para uma platéia de no mínimo 100 pessoas por apresentação. Isso pq inicialmente faremos as apresentações somente para os núcleos. Mais tarde abriremos essas apresentações para a comunidade em geral. E ai esperamos que a platéia aumente.

Com certeza será o maior público que já tivemos na vida e com certeza, o mais necessitado de arte e ávido por cultura e entretenimento.

Alguns membros do grupo farão oficinas de teatro para crianças e jovens de lá e num futuro, capacitação de jovens, para que eles possam dar continuidade no fazer teatral em Heliópolis.

A felicidade é imensa, de poder levar a nossa arte para pessoas que brilham os olhos só de ouvirem falar nela...

O contentamento e o preenchimento da alma de artista transborda, sabendo que estamos fazendo a arte para o que e para quem deve ser feita.

Tivemos uma reunião ontem e saimos de lá realizados. Realizados por poder dar essa oportunidade para nós e para eles.

Nada nessa vida é por acaso. O Maranhão é aqui. Heliópolis nos espera e esperamos ansiosamente também. O Maranhão também nos espera, ávidos por trocar as experiências que teremos em Heliópolis. A Arte é capaz de transformar. Não só o público, mas principalmente, os ARTISTAS.

PS: Nunca a idéia de fazer teatro sem dinheiro foi tão gratificante.

27 de janeiro de 2009

AJUDA PARA AULAS DE TEATRO

Graças a um post sobre minha experiência com arte-educação, umas 7 pessoas já se comunicaram comigo pedindo-me ajuda sobre como dar aulas de teatro.
Em primeiro lugar, é engraçado pensar que pessoas desconhecidas, através de sites de busca, vieram parar no meu blog, que na verdade é apenas uma forma de desabafo dessa atriz que vos fala...

Bom... de antemão já digo que não há fórmula secreta, e que a única maneira de aprender a dar aulas, é dando aulas... Ou seja, ou você se aventura de cara, ou vira assistente de algum professor experiente para ir pegando a manha.

Digo que, em 3 anos de experiência, ainda estou pegando o jeito e sei que preciso ter mais experiência e "malemolência" com algumas idades... Tendo em vista que teatro é experiência humana, nunca se aprenderá tudo, pois cada aluno será diferente e te motivará a ter atitudes diferentes.

O que posso fazer para ajudar é indicar leituras importantes e na minha opinião obrigatórias, para quem quer aprender o ofício:

- "Jogos Teatrais: O fichário de Viola Spolin" ( meio caro, mas vale a pena)

- "Jogos teatrais na sala de aula" - Viola Spolin

- "O jogo dramático infantil" - Peter Slade

- "Jogos Teatrais" - Ingrid Koudela

Nesses anos de aprendizado, entendi que:

- Teatro é forma de expressão, educação, socialização e é formador de opinião.
- Não há aluno melhor ou pior, mais ou menos talentoso, mas sim maneiras de expressão individuais e diferenciadas.
- Não há necessidade de uma apresentação de conclusão de curso, porém os alunos adoram e os pais também, pois são ávidos pelos resultados.
- Incentivar a coletividade e outros valores éticos, como trocar, dividir, respeitar, ajudar, ouvir, contemplar o trabalho do colega. O teatro ajuda a formar cidadãos éticos e pensantes.
- o teatro é para qualquer idade, mas crianças acima de três anos estão mais aptas para aprender e apreender o fazer teatral.

bom... acho que por enquanto é isso. Como disse anteriormente, só aprendemos fazendo. E nunca saberemos o suficiente...

18 de agosto de 2008

BALANÇO GERAL - 3 MESES DE TEMPORADA




Depois de três meses de temporada do espetáculo "Novos Velhos Dias", aí vai um balanço:

- Média de 30 espectadores por dia, que para os parâmetros do teatro de um grupo iniciante e desconhecido é muito, mas muito bom. (só para fazer uma comparação: meu grande amigo Fábio Lago, que está atuando em "HAMLET", com Wagner Moura, têm lotado o teatro com capacidade para 500 pessoas, 3 dias da semana há quase três meses, com fila de espera para compra de ingressos)

- Público formado por amigos, parentes, amigo de amigos, colegas, boca-a-boca e todas as outras categorias que se encaixam em "conheço alguém do elenco de alguma forma". Ou seja, pessoas totalmente desconhecidas, que viram a peça em algum jornal ou revista, foram inexistentes. Daí fica a pergunta: pra quê serve assessoria de imprensa? A nossa assessora é maravilhosa, fez um trabalho excelente, colocando nossa peça em todas as mídias viáveis, porém o brasileiro não tem o costume de abrir uma revista e procurar uma peça "do além" e sair de casa pra assistir, a não ser que tenha algum famoso no elenco.

- O preço do ingresso é ridiculamente baixo, além do mais todos ganharam o direito à meia-entrada, como uma maneira de chamar público. (mais uma consideração sobre o "Hamlet" do meu amigo: nosso ingresso custa 7,50 e o dele custa 80,00)

- Apesar do ingresso barato, conseguimos pagar algumas dívidas e não sair no prejuízo, pagando a equipe técnica do espetáculo com uma certa tranquilidade. Mas ainda temos dívidas, que foram feitas para bancar o espetáculo.

- A reação geral do público: todos sentem uma unidade muito grande no elenco, união, garra, vontade de fazer teatro, talentos equivalentes, energia. Se foram sinceros conosco, posso dizer que 80% do público gostou. (em tempo: como dizia Nelson Rodrigues: "toda unanimidade é burra")

- Espetáculos cancelados por ausência total de público: 1 (egos feridos: 9)

- sensação particular da atriz que vos fala: temporada não é fácil, é preciso matar um leão por dia, esquecer da vida, das tristezas, do trânsito, da falta de grana e de todos os problemas em prol de um espetáculo que precisa acontecer muito bem todos os dias. O ator no palco não leva sua vida, esquece os problemas e a platéia merece sempre o seu melhor.

- Balanço do grupo, na minha visão: união ainda maior, alegria de estar no palco, alegria de estarmos juntos, orgulho de termos conseguido colocar a peça de pé com muito suor e sem patrocínio.

- Dinheiro no bolso: nenhum. Ainda pagamos a gasolina e comida nos dias de peça e não recebemos nem um real da bilheteria.

-Saldo de amigos queridos que foram me assistir: todos os que importam, salvo raras excessões dos que importam e que não foram.

- fazer a peça para pouca gente: já tivemos dias de 5 espectadores e posso dizer que não é nada agradável o "eco" que volta depois das falas, e que tirar a blusa pra pouca gente é igualmente desagradável. Não me entendam mal, mas a impressão de que todas as atenções estão voltadas para você é ainda maior com pouca gente.

- Cantar sozinha deixou de ser um tabu. Tirar a blusa também.

- É impressionante como um personagem pode ter características que vc adoraria ter em vc mesma, mas a mágica do teatro e do personagem fazem vc só tê-las no palco.

BALANÇO GERAL: FAZER TEATRO ALIMENTA MINHA ALMA. QUEM ESCOLHEU VIVER DELE NÃO ESMORECE DIANTE DAS DIFICULDADES, TÃO PEQUENAS PERTO DO PODER TRANSFORMADOR QUE ESSA ARTE POSSUI.

PS: HAMLET está um primor. Meu amigo idem. Wagner Moura humanizou aquelas falas célebres do personagem mais famoso do teatro, fazendo o "SER OU NÃO SER" deixar de ser mero clichê. Vale a pena conferir, apesar do preço alto, que aliás é a minha única ressalva à peça.

17 de agosto de 2008

8 COISAS PARA FAZER ANTES DE MORRER...

Seguindo ordens/convite do meu amigo Tom/Osama em seu blog Jornalista Terráqueo
faço aqui a minha lista de 8 coisas essenciais para poder descansar em paz:

- Viver literalmente de teatro, ou seja, ganhar dinheiro somente pisando num palco.

- Casar e ter filhos

- viajar para Grécia, Japão, Austrália, Itália, França e Espanha

- morar na Praia

- ter o meu espaço, um misto de sala de espetáculos/sala de ensaios/café cultural/escola de artes

- comprar uma casa com jardim e quintal

- fazer cinema

- fazer uma peça musical, não comercial, grande produção, com música ao vivo e grande elenco (estão descartadas quaisquer opções "a la Broadway") e uma bela montagem de Shakespeare.

é isso. Será que isso serve de "pedido aos céus?" tem alguém me ouvindo aí?

28 de abril de 2008

ESPETÁCULO NOVOS VELHOS DIAS - FOTOS DE FLÁVIO TOLEZANI



DOCE ILUSÃO...

Num post do ano passado, do dia 18 de abril de 2007, iludida e feliz, eu comemorava o fato de meu grupo ter uma lei de incentivo aprovada.
Prontos para captar o dinheiro necessário, fomos em busca de empresas que estivessem interessadas em incentivar a cultura através da lei rouanet, de isenção fiscal.
resultado: a lei está até hoje em aberto, e a conta sem um mísero centavo. Burocracia, falta de interesse das empresas e a ausência de alguém "famoso" que desse visibilidade ao logo da empresa... talvez tenham sido as razões para o buraco negro na conta do projeto.
Estamos estreando nossa peça graças ao incentivo de amigos, pequenos apoios e patrocínios e camaradagem da equipe (iluminador, figurinista, cenógrafo, músico etc, etc...)
Ou seja, é com muito orgulho e suor que meu grupo apresenta essa nova peça que entrará em cartaz.
Mais uma vez, artistas pagam para trabalhar, pelo amor à arte e pela necessidade de falar ao mundo, de dizer algo relevante para uma platéia igualmente relevante...
Sem um pingo de ressentimento.

ESTRÉIA ESPETÁCULO "NOVOS VELHOS DIAS"


Temporada: Estréia dia 10 de maio, sábado, às 21h – até 13 de julho

Horário: Sábados, às 21h; domingos, às 20h30
Duração: 90 minutos

Preço: R$ 15,00 (R$ 7,50 para estudantes, idosos e classe teatral)

Censura: 14 anos

Local: Teatro da Vila
Endereço: Rua Jericó, 256
Bairro: Vila Madalena




Cia. da Gema estréia comédia
futurista sobre vida de ator

“Novos Velhos Dias” foi escrita por Reinaldo Maia, especialmente, para o grupo.


A comédia Novos Velhos Dias – texto inédito do dramaturgo Reinaldo Maia – estréia no Teatro da Vila, sob direção de Fernando Nitsch. Essa fábula futurista narra o drama do último ator humano existente (André Sakajiri), que é substituído por uma perfeita atriz robô (Marília Miyazawa) capaz, inclusive, de amar. Completam o elenco, Almara Mendes, Camila Arelaro, Fábio Takeo, Homero Ligere, Tatiana Rehder e Tatjana Eivazian.

Enredo


O último dos atores humanos existente no planeta faz apresentações em um cabaré, quando é substituído por uma bela Atriz Robô, perfeita, talentosa e com capacidade de amar - fábula proposta abertamente pela própria trupe da Cia. Da Gema. Agora, rebaixado à função de garçom do estabelecimento onde já foi atração principal, o Ator passa a vivenciar um irônico e cômico drama existencial. A Atriz Robô, programada para se apaixonar pela primeira pessoa que olhasse, encanta-se pelo “último ator”. No decorrer da história eles se unem e montam um show, mas não obtêm êxito com o espetáculo. Desiludido, o Ator desiste e passa a perambular pela cidade com o Coro dos Sem Emprego, vivendo seu grande dilema existencial. O seu “ser ou não ser” consiste em: destruir essas “máquinas frias” que lhe tiraram o emprego ou dar vazão ao seu amor pela linda robô. Diante da possibilidade de ser desativada, a Atriz foge do cabaré e se une ao Ator na busca por um espaço onde possam realizar o “verdadeiro” teatro.

Montagem e texto

Reinaldo Maia escreveu Novos Velhos Dias a partir de um argumento desenvolvido pela Cia. da Gema em discussões sobre o futuro próximo com o propósito de questionar, de forma cômica e irônica, a evolução tecnológica em contraposição à evolução moral e social. O texto traz perceptíveis e claras referências aos filmes Inteligência Artificial (Steven Spielberg), Metrópolis (Fritz Lang) e Luzes da Ribalta (Charles Chaplin). Sem ditar regras, a montagem levanta forte discussão sobre os rumos da sociedade moderna, cada vez mais automatizada, com o intuito de divertir o púbico, distanciando-o da questão crítica. “A direção tem o papel de criar uma ponte entre o texto e a platéia, manipular e estabelecer as regras para esse jogo que provoca o riso”, comenta o diretor Fernando Nitsch.

Não só a concepção do espetáculo, mas também do figurino, tem como ponto de partida o mergulho do grupo em várias épocas distintas, onde se constata que não há inovações palpáveis, mas releituras, cópias melhoradas do que já existe. A linguagem da peça reflete a opinião do grupo sobre a evolução do homem e da sociedade. Segundo Fernando Nitsch, “para mostrar esse futuro próximo, desajustado e com problemas a serem solucionados, o cenário é propositadamente simples; a ênfase está nas personagens. O destaque maior é para projeções em telas de TV, um recurso que dá clima às cenas, além de discutir o papel da TV para os atores”.

Por meio desta comédia, Reinaldo Maia discute questões como a brevidade da carreira do artista, a constatação de que ele é visto como produto substituível e a necessidade, imposta pela mídia, de multitalentos e beleza física.

23 de agosto de 2007

INSPIRAÇÃO PARA A PRÓXIMA PEÇA


"A ARTE É UM SENTIMENTO DIFÍCIL DE SER DEFINIDO. O SEU TEMA, POR MAIS IMPORTANTE E GRANDIOSO QUE SEJA, PODE SER SIMPLIFICADO AO PONTO DE SER COMPREENSÍVEL POR TODAS AS PESSOAS. E AÍ ENTÃO QUE A ARTE ATINGE SUA FORMA MAIS SUBLIME"
CHARLES CHAPLIN

MOVIMENTO CULTURAL DE NOVOS GRUPOS DE TEATRO

MOVIMENTO CULTURAL DE NOVOS GRUPOS DE TEATRO

Devido à dificuldade dos novos grupos de teatro encontrarem um espaço para se apresentarem, salas para ensaio, aprovação em editais municipais, estaduais e federais, surge a idéia de criar um movimento para fomentar oportunidades para esses grupos.
Esse Movimento visa apoiar esses grupos, criando um espaço único para que tenham a oportunidade de divulgar projetos que estejam em processo de ensaio ou apenas buscam um espaço para apresentarem seus trabalhos. Esse espaço, os Saraus, tem também o objetivo de aproximar artistas capazes de criar novos projetos, fornecer oportunidades de trabalho, unir forças da classe teatral e enfim, criar uma aproximação entre o teatro e seu público.
Nas duas edições do Sarau conseguimos alcançar nossos objetivos: Unimos pessoas interessantes com apresentações, discussões, divulgação de trabalhos, Workshops e iniciativas: principal característica do MOVIMENTO.
Para que este MOVIMENTO funcione precisamos de um bom alicerce, e não alcançaremos este objetivo se não contarmos com a união de novos grupos, parceiros e apoiadores.

Nesse ano de 2007 o primeiro objetivo foi alcançado graças a parceria do Teatro Fábrica que disponibilizou ao MOVIMENTO um espaço em um horário alternativo. Conseguimos o espaço para sábados as 4 horas da tarde. E agora a nossa luta é para desvincular esse horário do teatro infantil.
E isso é só o começo: com documentos em mãos (proposta do movimento, fotos e atas dos Saraus, cartas de apoio, fotos dos espetáculos do teatro Fábrica) poderemos chegar aos órgãos públicos para pedir oportunidades para esses grupos, tais como: editais de premiação próprios para grupos com menos de 5 anos de formação, salas de ensaio gratuitas dos teatros públicos, editais próprios dos teatros da prefeitura etc... tudo que possa contribuir para o fazer teatral no Brasil e divulgação da cultura.
É isso ai: Fazer teatro no Brasil é LUTA, e estamos juntos nessa empreitada.

5 de julho de 2007

POESIA PURA... TRECHO MEU PÉ DE LARANJA LIMA

ZEZÉ CORRE E SE DEPARA COM UM PEZINHO DE LARANJA LIMA. OLHA PARA ELE COM DESDÉM
Zezé
— que árvore pequena e sem graça!
CHEGA GLÓRIA, IRMÃ DE ZEZÉ
Glória
— Mas que lindo pezinho de Laranja Lima! Ele tem tanta personalidade que a gente de longe já sabe que é Laranja Lima! Se eu fosse do seu tamanho, não iria querer outra coisa.
Zezé — Mas eu queria um pé de árvore bem grandão.
Glória — Pense bem Zezé. Ele é novinho ainda. Ele vai crescer junto com você. Vocês dois vão se entender como se fossem dois irmãos. Você viu o galho? Parece até um cavalinho pra você montar.
ZEZÉ CONTINUA EMBURRADO
Glória — Essa zanga não dura Zezé. Vai acabar descobrindo que eu tinha razão. (dá um beijinho em sua cabeça e sai)
Pé de Laranja Lima — Eu acho que sua irmã tem toda razão.
Zezé — sempre todo mundo tem razão. Eu é que não tenho nunca!
Pé de Laranja lima — Não é verdade. Se você me olhasse bem, você acabava descobrindo.
ZEZÉ LEVANTA E OLHA COM ATENÇÃO PARA O PÉ DE LARANJA LIMA. FICA INTRIGADO
Zezé
— Mas você fala mesmo?!
Pé de laranja Lima — Não está me ouvindo?
Zezé — Por onde você fala?
Pé de Laranja Lima — Arvore fala por todo canto. Pelas folhas, galhos, raízes. Quer ver? Encoste seu ouvido aqui no meu tronco que você escuta meu coração
ZEZÉ, MEIO INDECISO, COM MEDO, ENCOSTA O OUVIDO NO TRONCO. ESCUTA O CORAÇÃO DA ARVOREZINHA BATER
Pé de Laranja Lima
— Viu?
Zezé — Sim. Me diga uma coisa, todo mundo sabe que você fala?
Pé de Laranja Lima — Não. Só você
Zezé — E você vai esperar?
Pé de Laranja Lima — O que?
Zezé — Até eu mudar. Vai demorar mais de uma semana. Será que você não vai esquecer como fala nesse tempo?
Pé de Laranja Lima — Nunca mais. Isto é, pra você só. Você quer ver como sou macio? Monte no meu galho!
ZEZÉ MONTA NA ÁRVORE
Pé de Laranja Lima — Agora balance e feche os olhos
ZEZÉ BALANÇA, DE OLHOS FECHADOS E DÁ UMA RISADA.
Pé de Laranja Lima — Que tal? Você alguma vez na vida teve cavalinho melhor?
Zezé — Nunca! (descendo da árvore) olha, eu vou fazer uma coisa — sempre que eu puder, antes de mudar, venho conversar com você. Agora preciso ir que a Gloria está chegando.
(abraça a árvore) Adeus amigo, você é a coisa mais linda do mundo!

23 de maio de 2007

MEU PÉ DE LARANJA LIMA


FINALMENTE VOU COMEÇAR A ENSAIAR MINHA PEÇA INFANTIL!!!!!!!!! E COMO O DIREITO AUTORAL AGORA É NOSSO, ENTÃO JÁ POSSO GRITAR AOS QUATRO VENTOS: MEU PÉ DE LARANJA LIMA.
LIVRO BRASILEIRO, POÉTICO, SINGELO, EMOCIONANTE E TRISTE... JÁ VIROU NOVELA 3 VEZES (TV TUPI E 2 REMAKES DA TV BANDEIRANTES) E FILME... E AGORA TEMOS A DIFÍCIL MISSÃO DE LEVAR ESSA HISTÓRIA PARA O TEATRO.

A HISTÓRIA É BASEADA NA INFÂNCIA DO AUTOR, JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS.

QUEREMOS QUE A PEÇA SEJA PARA CRIANÇAS DE 7 A 90 ANOS... MÃES E PAIS LEVARÃO SEUS FILHOS E SE EMOCIONARÃO TAMBÉM, POIS ESTE LIVRO ESTEVE PRESENTE EM SUAS INFÂNCIAS.
ESTRÉIA NO INÍCIO DE OUTUBRO!
AGORA É SÓ ME AVENTURAR NO MUNDO DA DIREÇÃO DE TEATRO!

18 de abril de 2007

LEI ROUANET APROVADA!

UHÚÚ gente! A lei Rouanet do projeto do meu grupo saiu no diário oficial de 13/04/2007. Agora somos oficialmente aprovados pelo MINC!
Ser aprovado significa: O PROJETO ESTÁ APTO A CAPTAR RECURSOS USUFRUINDO DA LEI ROUANET, QUE LIBERA PARTE DOS IMPOSTOS DAS EMPRESAS PARA O INCENTIVO À ARTE.
Agora vem a parte mais dicífil da questão... CAPTAR RECURSOS.
As empresas não querem saber de usar essa grana liberada para incentivar a arte. E pq? Por nada, pura preguiça, descaso, ou por não ter interesse em incentivar coisa alguma. Preferem pagar os impostos para o governo mesmo, ao invés de promover a cultura.
E é tão fácil! Ao invés de pagar 4 % do imposto devido ao governo, as empresas depositariam em uma conta vinculada ao projeto e depois prestariam contas dizendo ao governo que aquele dinheiro foi usado para a lei de incentivo fiscal. Só! Não dói, nem arranca pedaço, muito menos dá prejuízo...
Então pq é tão difícil conseguir essa grana??
Agora o meu grupo parte para a segunda fase da empreitada: conseguir quem queira tranferir esse dinheiro do governo para o nosso projeto.
Graças a Deus temos uma empresa interessada em vista, porém precisaremos de mais empresas interessadas para conseguirmos bancar o custo total do projeto.
Pessoas físicas também podem contribuir com 6% do imposto devido. Alguém interessado?
AO INVÉS DE ENGORDAR A (JÁ GORDA) CONTA DO LEÃO, QUE TAL AJUDAR O TEATRO NO BRASIL?

28 de março de 2007

VOCÊ CONHECE ALGUM ATOR JAPONÊS????

Foto:
Daniele Suzuki: gueixa??


Quantos atores japoneses você vê por aí, seja no teatro, na TV ou no cinema? Seria falta de demanda ou falta de oportunidade?

Não seria estranho um personagem japonês ser filho, irmão, pai ou mãe de personagens não japoneses? Mas mas estranho ainda é não haver atores japoneses na mídia para formar um núcleo numa novela.

Não seria estranho um personagem japonês morador de favela? ou então um japonês na Monarquia? Ou um japonês nordestino?

No teatro, os olhos, a cor, a forma, a altura, tudo é relevante. Somos personagens. O ator não tem cara. Ele se empresta ao personagem. No teatro tudo é possível. Pode até soar estranho a japa aqui fazendo o papel de uma favelada, mas acredito que se fizer com verdade, ninguém vai querer saber que meu tipo físico não se encaixa num papel. Isso se a peça não for comercial. Nesse caso o padrão é como no cinema e na TV.

Mas... e no cinema e na TV?

Muito se ouvia sobre a falta de oportunidade de negros na TV. Agora felizmente conseguiram seu espaço, com negros protagonistas e em papéis relevantes e não esteriotipados. Mas e os japoneses? Conhece algum sem ser a Daniele Suzuki? Ou o jardineiro, o pasteleiro, a gueixa ou o japonês que não fala português? O Brasil é o lugar com a maior população japonesa fora do japão. E com toda certeza, os japoneses do Brasil SABEM FALAR PORTUGUÊS, NÃO SÃO SOMENTE JARDINEIROS, PASTELEIROS OU GUEIXAS DE KIMONO. Ou seja, japonês na mídia ainda é um grande esteriótipo.

Poucos japoneses querem ser atores ou poucas oportunidades são dadas? Não sei dizer. E os japoneses que são atores, estão conformados ou de mãos atadas? ou será que nem ligam? EU LIGO!

ISSO ME LIMITA? RESPONDA VOCÊ.

22 de fevereiro de 2007

NEM TUDO É O QUE PARECE...

BELEZA NATURAL?

antes de tudo, peço desculpas pelo post fútil. Mas acho que mais fútil é o padrão de beleza de "mulheres perfeitas".

Acho que todo mundo ficou pasmo ao ver a verdadeira Cleópatra estampada numa moeda...
Isso me faz pensar: O que é belo? Dizem que a imagem dela ficou associada à beleza devido ao seu grande carisma... Opa! Será que achamos a essência da "Beleza interior"?

E essa é a Cleópatra dos nossos sonhos:


Christina Ricci versão "Família Adamms"


Charlize Teron versão "Monster"


Cameron Diaz versão "Quero ser John Malcovich"




EM TEMPO: A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ.

A FOLHA ANDA LENDO MEUS PENSAMENTOS...

NO DIA 12 DE FEVEREIRO ESCREVI UM POST SOBRE OS MUSICAIS DA BROADWAY QUE ESTÃO EM CARTAZ NO BRASIL E O USO DE LEIS DE INCENTIVO PARA BANCAR TAIS ESPETÁCULOS.
HOJE, DIA 21 DE FEVEREIRO, A CAPA DA ILUSTRADA TEM A SEGUINTE MATÉRIA:
(COM ALGUNS CORTES, INDO DIRETO AO QUE INTERESSA)

"My Fair Lady" estréia mês que vem; SP terá mais duas peças

GUSTAVO FIORATTI, da Folha de S.Paulo

A estréia de "My Fair Lady" no próximo dia 8, no teatro Alfa, é uma evidência de que os musicais de orçamentos milionários conquistam público em São Paulo. Com custos iniciais calculados em R$ 4 milhões, essa é a terceira opção no roteiro da capital para quem quer assistir a um espetáculo americano sem ter de viajar aos EUA.As outras duas montagens em cartaz são "O Fantasma da Ópera", no teatro Abril, e "Sweet Charity", no Citibank Hall. Ainda vêm por aí, via CIE-Brasil, "Miss Saigon", com estréia prevista para junho, e "Peter Pan", cuja temporada deve começar em julho no Credicard Hall. "Miss Saigon" vai custar R$ 12 milhões --cifra que bate os investimentos feitos em "O Fantasma da Ópera", que chegaram a R$ 10 milhões. Para quem torce o nariz diante da possibilidade de ver os musicais se multiplicarem por aqui, vale ouvir Cláudio Botelho, experiente diretor do gênero que, além de assinar a tradução de "My Fair Lady" e de "O Fantasma da Ópera", co-dirigiu "Sweet Charity".

"Essa é uma postura muito atrasada. Os musicais são apenas um gênero em um cenário que agrega vários outros tipos de teatro."

Há, porém, quem levante dúvidas sobre os valores destinados a essas produções, em parte provenientes de renúncia fiscal do governo, por meio da Lei Rouanet.

"Acho ingênuo considerar que uma produção peca só porque foi cara. Mas é necessário que os investidores e o governo tenham consciência do valor que eles estão destinando ao entretenimento e ao experimento artístico", diz o diretor Felipe Hirsch, da Sutil Cia. de Teatro. Dos R$ 12 milhões que devem ser investidos até o final da temporada de "My Fair Lady", segundo a produção, 50% serão capitalizados pela Lei Rouanet.

SÓ ESPERO DE CORAÇÃO QUE ESSE PETER PAN NÃO FERRE A MINHA PEÇA INFANTIL QUE TEM ESTRÉIA MARCADA PARA A MESMA ÉPOCA!!

NÃO NASCI PARA SER ROBERTO JUSTUS...

Nunca pensei que dirigir uma peça poderia ser tão complicado. Ainda nem começou direito e eu já sinto o peso da responsabilidade! Decidir tudo, estar a par de tudo, definir prazos, metas e resultados, para mim e para os outros. Definir coisas que só cabem a nós, diretoras. Mandar. Resolver. Tomar a responsabilidade para si. Aprender que isso aqui não é uma democracia e sim uma ditadura(!!!) Ainda bem que tenho uma companheira nessa empreitada.
Só o que eu posso dizer é que não tenho vocação para Roberto Justus. Me sinto no programa "O Aprendiz", em que ele, sem dó nem piedade, solta um sonoro "Você está demitido". No momento o que posso sentir é peso na consciencia e tristeza. E tentar aprender a definir, e não somente esperar que definam o que preciso fazer.

12 de fevereiro de 2007

PRECONCEITOS DO MEIO TEATRAL

No meio teatral, o preconceito contra produções "a la Broadway" é enorme. Em duas semanas ouvi relatos de amigos que foram assistir aos espetáculos "Sweet Charity" (peça com Cláudia Raia encabeçando o elenco) e "O Fantasma da Ópera". Todos amaram. Se emocionaram, se arrepiaram, disseram que era uma das melhores coisas que já tinham visto na vida. Eu não duvido que realmente seja bom, mas acabo não indo conferir.
Motivo número 1: o preço dos ingressos (geralmente em torno de 100,00)
Motivo número 2: essas grandes produções, que custam milhões de reais e contam sempre com pessoas de grande visibilidade no elenco, usufruem da lei Rouanet, (lei de incentivo que estimula a parceria de empresários, com o abatimento do Imposto de Renda de pessoas jurídicas de até 4%) Tradução: Ao invés de pagar ao governo, a empresa patrocina espetáculos com esse valor permitido.
Até aí, tudo bem. A questão é que somente espetáculos com grandes nomes, grande visibilidade e grande produção (o caso de O Fantasma da Ópera, trazido ao Brasil pela CIE, empresa de entretenimento) é que podem contar com empresas interessadas em ligar seu nome ao projeto. Sem a necessidade do uso da lei Rouanet. E enquanto os grandes investidores puderem ter o nome da sua empresa estampado num grande sucesso, qual seria o interesse em patrocinar um grupo desconhecido com uma peça igualmente desconhecida? Ou seja, quem realmente precisa fica sem.
É o caso do "Cirque du Soleil", com um espetáculo INTERNACIONAL que usufruiu de uma lei de incentivo NACIONAL. Ou seja, a Visa e o Bradesco deixaram de pagar impostos ao governo Brasileiro para patrocinar o evento. Será que com ingressos em torno de 300,00 isso seria necessário? E como descobriram uma brecha na lei que permite que grupos internacionais usem a nossa lei de incentivo????
Daí a birra do povo do meio teatral. Essas peças acabam sendo uma máquina de fazer dinheiro. E olha que não estou duvidando de sua qualidade. Pelo contrário: Sempre contam com um grande elenco que canta, dança, interpreta, cenários e figurinos maravilhosos com histórias igualmente maravilhosas.
No meio, essas peças são chamadas "Comerciais". Ou seja, entretenimento fácil e caro, de grande apelo.
Veja bem, estou aqui colocando a visão do meio teatral e a minha também, como artista pensante.
Agora vamos aos fatos: como atriz, adoraria fazer parte de um musical, gênero que me agrada muito. Adoraria trabalhar numa grande produção, cantar, dançar, atuar, com salário, casa cheia todo dia, visibilidade...
Ou seja: Não cuspa pra cima que pode cair na cara.

CORRE SENÃO A VIDA PASSA!!!

Estou na sede da vida... As coisas começam a acontecer, e nessa fase, vejo amigos se dando bem, crescendo. Eu paro para pensar que agora é a hora!! É a hora de crescer, aos poucos chegar em algum lugar. Não adianta querer a fortuna se não começarmos com a moedinha... O que eu quero dizer com isso? Que agora é a hora de ser estágiário, assistente, ganhar mal, fazer fama, buscar valores, ganhar credibilidade, ser taxado como iniciante, receber ordens. Nada em vão! Quero depois ser a experiente, a competente, a digna de um belo salário, a importante, a vital. Por baixo é que se consegue olhar pra cima e enxergar um céu de oportunidades.
Dá vontade de pular etapas, de ser fodona, mas... como? Impossível chegar a lugar algum sem ser engatinhando. Quero poder ficar de pé, depois andar, e daí correr como uma maratonista.

7 de fevereiro de 2007

...OU SERÁ QUE JÁ ESTOU NO JARDIM?

Em resposta ao meu post abaixo, um amigo me escreveu dizendo que na verdade a situação que estou passando é igual a de muitos jovens da minha idade. Agora com a cabeça fria eu posso concordar com ele. Nós, os jovens recém-formados, precisamos passar por isso para crescermos na profissão. A diferença é que alguns acham caminhos, alguns se perdem, alguns lutam e outros apenas esperam. Posso me perder, mas nunca vou apenas esperar...
Companheiros: A LUTA CONTINUA!!! (hahaha)

6 de fevereiro de 2007

NEM TUDO SÃO FLORES...

Quando a falta de dinheiro pesa no bolso, na consciência e na sua dignidade, parece que nada vai dar certo e toda a esperança e vontade de viver de arte vão por água abaixo.
Como é difícil trabalhar e não conseguir ver o resultado! Estou me sentindo o cocô do cavalo do bandido.
Eu sei que vai passar e logo mais estarei colhendo os "louros da vitória", mas num momento como esses dá até vontade de trabalhar num escritório com carteira assinada e direitos trabalhistas...
Daí eu paro para pensar no meu futuro: Preciso começar já uma previdência privada, pois nessa vida que escolhi raramente ou nunca terei carteira assinada. E penso também num futuro próximo: Esse ano está repleto de oportunidades, mas e no ano que vem? Como lidar com a instabilidade financeira? As contas não pararão de chegar, mas o dinheiro talvez sim.
No momento o que me dói é ter crescido (ou seja, ter me tornado uma pessoa formada, capacitada, digna de um emprego e algo que me sustente), mas não conseguir mostrar o meu crescimento. Tradução: nada fácil ter 25 anos e ser sustentada pela mamãe. É o preço que paguei por ter optado em começar de baixo na carreira que quero seguir. Graças a Deus eu pude fazer essa escolha. Mas eu confesso que as vezes me dá vontade de voltar a trabalhar com carimbo na carteira.
Eu sei, vai passar. Tudo vai dar certo, pq eu lutei por isso. Nessa hora é preciso ter paciência, respirar fundo e lembrar do meu amor pela arte. Mas infelizmente hoje, só hoje, não estou conseguindo.

1 de fevereiro de 2007

O QUE AS PESSOAS QUEREM VER?

O que vocês querem ver? O que inquieta vocês? Qual fato, situação, história, polêmica, riso, drama, panorama te fazem querer sair de casa para assistir uma peça?
Quando um grupo ou uma pessoa resolve escolher um texto, é porque acha que aquilo pode ser revelante. Mas será que o que é relevante para nós é para o público?
Um texto precisa ser mobilizador, seja um drama, comédia ou tragédia. E é por isso que alguns autores são tidos como gênios: Não perdem a contemporaneidade (é assim que se fala essa palavra?)
A pergunta acima é de verdade. O que interessa? Me interessa saber.

QUEM SABE FAZ A HORA...

É engraçado pensar o quanto eu já tive preguiça das coisas. Preguiça e medo. Sempre deixei para depois. Por muito tempo eu não acreditava que era capaz de fazer uma peça digna da aceitação das pessoas, principalmente das pessoas queridas. Durante uma faculdade e um curso técnico (todos largados faltando pouco!) eu não me sentia a vontade. Acho que era falta de prática e de confiança. Depois que eu entrei na escola que me formei, algo aconteceu. Eu comecei a me sentir preparada, desde o primeiro ano. E também a alegria era tanta de poder mostar o resultado de um estudo semestral para as pessoas queridas, que não hesitei em começar a convidá-los.
E eu sempre tive um medo durante a minha formação. Eu tinha medo de ter medo de sair de lá. De não ter um caminho depois de formada.
Mas... o destino coloca pessoas especiais na sua vida, e com sorte, ainda te coloca nas ocasiões certas com essas pessoas especiais.
O fato é que só precisava de um empurrão para começar a trilhar caminhos antes de me formar, para já ter para onde ir depois. E essa pessoa especial me deu o empurrão necessário. Acabamos tendo os mesmos planos hoje em dia.
E hoje em dia, muito feliz, me vejo desesperada e com insônia com medo de não ter horários pra fazer tudo esse ano.
E é muito bom "colher o que se plantou". Frase batida que não teria substituição no momento.
Por enquanto eu sei que vou dirigir uma peça, e que tenho uma turma de aluninhos de 5 e 6 anos... lindos!
É muito bom pensar que, querendo muito, eu consigo viver do teatro. Acho que porque resolvi aceitar todas as possibilidades dele.

29 de janeiro de 2007

A DIVULGAÇÃO FEITA PELA REDE GLOBO

Agora a Rede Globo começou uma campanha "Vá ao teatro". Atores renomados como Paulo Autran e Bibi Ferreira aparecem recebendo os aplausos e carinho do público no camarim. As frases que são ditas aos atores são mais ou menos assim: "O teatro nos faz pensar" ou "Obrigada pela emoção que me proporcionou" e coisas desse tipo, seguidas de abraços e puxação de saco.
Eu paro para pensar: Será que isso faz algum efeito? Ou será que isso só ajuda a deixar a situação como está: as pessoas vão ao teatro para verem ao vivo o ator da televisão.
De qualquer forma, não posso deixar de sentir uma pontinha de esperança de que isso contribua de alguma maneira para a formação de público. Uma rede de televisão como a Globo não é de maneira nenhuma ignorada, porém não é ignorada pela classe média e elite, que anota na cartilha tudo o que a Globo diz. Mas, se pelo menos essas pessoas comparecerem ao teatro, já é uma batalha ganha.
O ideal seria que todas as camadas sociais tivessem acesso. Muita gente nunca foi ao teatro, por falta de oportunidade e principalmente de dinheiro. É preciso haver uma reforma na política cultural, para que pessoas de todas as classes possam ir ao teatro, com projetos de formação de público; para que o preço dos ingressos diminuam e para que as leis de incentivo possam contemplar quem realmente precisa. Assim, se os atores puderem receber um salário, poderíamos não cobrar pelo ingresso.

E eu continuo sonhando com isso...

O QUE É PRECISO PARA FAZER UMA PEÇA

Fazer teatro no Brasil é muito difícil. A maioria dos grupos não conta com patrocínio ou leis de incentivo. Um grupo realmente precisa QUERER MUITO que sua peça entre em cartaz.
Começando com a equipe necessária: atores, diretor, cenógrafo, figurinista, criador da trilha sonora, criador da luz, operador de som, operador de luz, preparador corporal, preparador vocal, cenotécnico, bilheteiro. Se houver algum tipo de luxo, entra também um produtor e um assessor de imprensa.
Depois da peça pronta começa a batalha por dinheiro: festas, vaquinhas, permutas, tentativas de patrocínio. E é claro, contamos também com o dinheiro da bilheteria, que normalmente fica em torno de 10,00 por pessoa (Sempre há a política de meia entrada no teatro, mesmo se a pessoa não for estudante). E esse dinheiro só serve para cobrir os gastos. Ou seja: Não se recebe (os atores) nenhum salário se não houver patrocínio ... Isso se o cenógrafo, figurinista e criador de luz e som forem bem bonzinhos e não cobrarem nada também...
Agora vamos para as contas de produção de uma peça simples:

- Aluguel do teatro (mensal): 3.000,00
- Diretor: 10% do valor da bilheteria
- Direito autoral: depende, pode ser 10% do total dos lucros
- Operador de luz e de som (por fim de semana):300,00
- Aluguel de equipamento de som e luz (mensal):300,00
- Assessoria de imprensa (por temporada): 2.000,00
- Cenário: 1.100,00
- Figurino ( pano e mão de obra): 150,00
- Adereços de cena: 100,00
- cenotécnico: 150,00
- Bilheteiro: 100,00
- Arte gráfica( programa, cartaz, ingresso, banner): 150,00
- Colocação do banner: 130,00
- cabos, fiação, parte elétrica: 70,00
- Alimentação da equipe técnica (semanal): 70,00
- Gráfica: 350,00
- Transporte de cenário: 140,00

E POR AÍ VAI...

Isso quer dizer que, para uma peça ficar em cartaz por um ou dois meses, é desembolsado mais ou menos 7.000,00 (!!!!!!!!!!)

Agora me respondam como é possível que grupos sem patrocínio sobrevivam dessa maneira?
É preciso muita vontade, muito amor e principalmente, muito trabalho.
E ainda temos que contar com a falta de público. Aconteceu duas vezes comigo até hoje e a sensação não é nada agradável. Sua peça está lá, divulgada em todas as revistas, na internet, no rádio... e mesmo assim tem dia que ninguém vai assistir...
E o preço dos ingressos? Uma peça de um grupo desconhecido não pode cobrar mais do que 20,00 a entrada inteira, pq. deixa de ser acessível. Porém, enquanto tentamos deixar o ingresso barato para o público comparecer, os atores acabam pagando para trabalhar.
Será que desse jeito é possível viver de teatro no Brasil? Poucos podem contar com as leis de incentivo, que acabam sendo muito fechadas aos grupos renomados ou aos artistas da televisão.

Mas mesmo com tudo isso, há alguma coisa que nos move, uma coisa que posso chamar de AMOR À ARTE.

26 de janeiro de 2007

O GRANDE TESTE PARA A GRANDE EMISSORA DE TELEVISÃO

Um dia recebo uma ligação que penso ser sonhada por muita gente: Uma grande emissora de televisão me convidando para fazer um teste, para ficar nos arquivos. Ou seja, se algum diretor fodão precisasse de atores novos para algum trabalho, talvez ele visse minha cara naquele vídeo e me chamasse.
Lá fui eu. Nervosa, suando muito, me sentindo desajeitada e imprópria àquela situação. Nem a roupa eu sabia qual vestir, devido às restrições de cores e modelos... Só me sobrou uma camisa vermelha nada a ver comigo. "Não pode roupa azul, branca, preta, marrom e estampada" disse a moça, além de me passar uma lista enorme de restrições quanto ao texto que eu usaria: "Precisa ser uma briga, uma discussão, um diálogo, que tenha começo, meio e fim, e também não pode ser um texto de teatro clássico e nem uma poesia, nem citação etc..."
Nos dois dias que se seguiram me vi desesperada procurando um maldito texto que coubesse em minha boca e que fosse nos padrões pedidos.
Voltando: lá fui eu. Cheguei num estúdio e fui recebida por um cara que era o camera-man do teste, e ele muito simpático tentou me deixar a vontade. Mas o suadouro e a sensação de inadequação continuavam. Só conseguia pensar que não tinha decorado o texto direito, que ele estava mal estudado e que nunca tinha visto uma gordinha naquelas novelas, a não ser a Cláudia Gimenez.
Depois de esperar mais de meia hora, chegou a minha vez. A mulher muito simpática me colocou sentada no braço de uma cadeira(!!!!) e me falou para não olhar para a câmera (só no comecinho do texto) e sim para um boneco desenhado numa folha de caderno que nem boca tinha!! Por um momento quase dei risada daquele desenho que parecia ter sido feito por uma criança de cinco anos de idade. Bom, respirei fundo e me concentrei no meu "parceiro de cena" e comecei a falar o texto. Logo em seguida ouço um sonoro "CORTA"!!! Meu sangue gelou. Ela, sempre simpática, me perguntou o porquê de eu olhar o tempo todo nos olhos do desenho, sem deixar de me dar uma dica de que na vida real ninguém olha o tempo todo para o companheiro. (eu pensei: eu olho, mas tudo bem) Argumentei que no teatro era fundamental olhar nos olhos do parceiro para haver o chamado JOGO. Ela argumentou de novo dizendo que aquilo não era teatro.
Segunda chance: Fui até o final do texto. Ela me olhou e veio arrumar meus cabelos e eu não podia me mexer um centímetro para não sair do foco e para não me despentear. Aproveitou para me dirigir e pediu mais naturalidade.
Terceira chance: a essa altura eu já estava toda suada, desesperada, querendo ir embora dali, me perguntando por que raios eu nunca tinha feito um curso de vídeo. Não consegui ir até o fim sem ouvir o temido "CORTA"!!!!!!!!! Agora o problema era que eu não poderia olhar para baixo, pq. senão a câmera não pegava meus olhos. O "olhar para baixo" deveria ser dois centímetros abaixo da linha do horizonte. (alguém tem uma régua, pelo amor de Deus???)
Quarta chance: comecei e "CORTA"!!!!!!!!! Ela disse: "Você precisa olhar para a câmera assim que eu disser "ação", porque um diretor olha no máximo 5 segundos cada fita e se você não olhar, sua fita vai para o lixo" (Nossa, que incentivo!)
Quinta chance: Desesperada para acertar, comecei a falar o texto e acabei engasgando. Mas como não podia falhar de novo, engoli seco e continuei. Estava tão engasgada que meus olhos começaram a lacrimejar e mesmo assim falei o texto todo. Aquilo não tinha fim. Eu querendo tossir e falando o texto. Enfim, aquelas lágrimas serviram a meu favor, já que estava interpretando uma briga de casal.
Acabou. O câmera-man me elogiou, dizendo que a última passada tinha sido cheia de verdade. (mal sabia ele que a verdade era que eu estava engasgada e desesperada) e a mulher simpática me disse: "É. Mais ou menos. Qualquer coisa a gente te liga, ok?
OK!
Por acaso alguém já me viu na novela? Pois é, então acho que meu teste não deu muito certo.

23 de janeiro de 2007

O QUE ENCANTA E O QUE DESENCANTA

ME ENCANTA
Acreditar que a arte pode melhorar a vida das pessoas.
Poder viver mil vidas, como se fossem minhas.
Poder dizer alguma coisa ao mundo.
Burburinho da platéia.
Adrenalina antes de entrar em cena.
Estudar um personagem. Falar, pensar, andar, reagir como ele.
A concentração dos atores antes de uma peça começar.
Sentar para me maquiar e me vestir como o personagem.
O público fiel.
A energia que pode construir ou destruir um espetáculo.
Emocionar-me com uma cena.
Conseguir emocionar alguém com uma cena.
A beleza de uma cena, uma música, uma dança.
Ver a peça ficando pronta.
A união que move todas aquelas pessoas (atores, diretor, técnicos, cenógrafo, figurinista) para um projeto em comum.
A troca de energia com a platéia.
A coisa viva. O aqui e agora. O momento que é único.

ME DESENCANTA
A falta de público.
O preço exorbitante dos ingressos.
A falta de costume do brasileiro de ir ao teatro.
Cancelar a peça por falta de público.
A dificuldade em conseguir entrar nas leis de incentivo, que são poucas.
Produzir uma peça.
A dificuldade em arrumar patrocínio.
A premissa: "Se não tem gente da novela eu não vou ao teatro".
Os baixos, ou na maioria das vezes, nenhum salário.
Pagar para trabalhar.
Ouvir: Você faz teatro? Mas o que faz realmente da vida?.
O preconceito: "ator é tudo viado e atriz é tudo puta".
Outro preconceito: ator é tudo hippie e vagabundo.
Alguém perguntar: "Você não vai fazer novela"? (como se fosse fácil e obrigatório).

VIVENDO E ENSINANDO A JOGAR

Há um ano e meio atrás comecei a dar aulas de teatro para crianças e adolescentes. Mal sabia eu que me apaixonaria por isso. Entrar no mundo deles é uma loucura. A criança tem uma capacidade incrível de criar e jogar. E o melhor de tudo é que elas são inocentes o suficiente para não ter as limitações da vergonha que um adulto pode ter.
Primeiro, graças ao mestre Alexandre Mate, eu e mais dois amigos começamos com duas oficinas de teatro para crianças de baixa renda. O resultado foi muito legal: ver o desenvolvimento social e emocional daquelas crianças era muito gratificante. Nascia uma paixão.
Depois, pelo projeto da prefeitura "São Paulo é uma escola", que visa ocupar o tempo das crianças com atividades que desenvolvam corpo e mente, comecei a dar aulas numa escola municipal na Vila Olimpia. Era uma loucura. Mais de 100 crianças e adolescentes por semana, divididas por faixa etária, 5 vezes por semana. SOZINHA! Confesso que enlouqueci com a falta de disciplina deles e de experiência minha, mas me encantei com os pequenos criadores e com os adolescentes engajados e interessados em aprender teatro. Mas... como nem tudo são flores o salário era péssimo para a quantidade de trabalho e acabei saindo do projeto.
Logo depois disso, voltei as origens: comecei a ser assistente de professor na escola que aprendi a amar o teatro. Um lugar maravilhoso, muito sério e com embasamento psicológico e pedagógico. Tenho lembranças muito boas do meu tempo de aluna.
Comecei com três turmas: uma de 6 e 7 anos, uma de 9 a 11 anos e uma de 10 a 13 anos. Cada faixa etária possui diferenças incríveis e apaixonantes. As crianças menores requerem cuidados e muita psicologia. Os pré-adolescentes precisam de disciplina e liberdade, e os adolescentes só precisam de um incentivo para criar e aceitarem sua personalidade. falando assim parece simples, mas é muito mais complexo do que se imagina. Lidar com seres humanos, tentar mostrar valores, educar, agradar, divertir...
Mas os pequeninos... como me encantam. São mini pessoinhas, cheias de vitalidade e coisas para dizer. Além de ótimos criadores de histórias. E como são meigos!
Não há emoção maior do que vê-los crescer e vê-los no palco, como se tudo não passasse de uma grande brincadeira. Para eles o teatro é isso.

22 de janeiro de 2007

viver de arte - um inicio

Não sei no que dará esse blog...
Entrei na onda dos jornalistas da minha vida (são muitos!!!) irmão, pai e muitos amigos... Se todo jornalista precisa ter um blog (já ouvi essa frase de meus queridos!) talvez uma artista também precise. Ou queira...

Viver de arte!

Projetos, muitos. Dar aulas, dirigir uma peça infantil, atuar numa peça adulta, tentar ser assistente de professor na escola que me formei...Tenho muita coisa para falar para o mundo. Esse me parece o dever de um artista hoje em dia: gritar para uma sociedade que está quase ficando surda. Talvez alguém escute. Talvez o público compareça. Talvez vá embora no meio da peça. Talvez o espetáculo seja cancelado por falta de público, ou de verba. Mas eu quero poder falar! Mas mais do que falar, quero colocar poesia na vida das pessoas.
É dificil fazer a tal "Denúncia social" que todos os artistas pregam... Para mim, o papel do artista não é de maneira nenhuma jogar na cara da platéia o que está errado no mundo. Talvez seja dar um panorama do que está errado, mas nunca mostrar "como fazer" para aquilo virar certo. Senão vira aula ou lição de moral. E ninguém quer sair de casa para receber lição de moral. As pessoas precisam de um refresco na vida. E esse refresco pode sim conter uma denúncia, uma poesia, um riso. Não necessariamente uma peça precisa chocar, dar tapa na cara. Precisa fazer as pessoas sentirem alguma coisa. Qualquer coisa que a tire da inércia.
O refresco não está só no cinema ou na TV, minha gente! O teatro carece de público! O teatro morre sem o público.
Talvez o meu papel no mundo seja apenas trazer um pouco de alegria e poesia para a vida das pessoas que estejam interessadas... Ainda não descobri e vou morrer tentando.